Sim, aconteceu de novo.
“É óbvio que é hora de jogar a toalha, você não está vendo?”, “Melhor concentrar tudo em dólar e bolsa americana, que só sobem”, “Pra que carteira diversificada? É impossível superar um CDI tão alto, melhor ficar nele”, “Os gestores de fundos perderam a mão, você não percebeu?” – era o tom das frases que eu ouvia em dezembro do ano passado.
Estamos quase na metade do ano e não sei se você percebeu – talvez já tenha resgatado, infelizmente, é o que mostram os fluxos – mas nada do que sua intuição sinalizava se concretizou. Pelo contrário.
Olho para os fundos aprovados em nossa análise – investidores profissionais que diversificam globalmente a partir do Brasil e que são encontrados em diferentes corretoras e bancos – e, não, eles não tinham mesmo ficado mais burros, como repeti insistentemente.
Pelo menos 15 dos nossos fundos recomendados superam os 15% de ganho em 2025 até aqui. Uma carteira diversificada, bem construída, está recompensando os pacientes.
O tão amado CDI? Não chega aos 5%, um terço disso, no período. O dólar, que “nunca cai”? Despenca 8% ante o real neste ano. O S&P 500, que reflete o comportamento da bolsa americana? Cai 12%.
Não, eu não vou citar aqui os fundos que têm ganhos expressivos no ano, quem construiu uma carteira do jeito certo sabe – ou corro o risco de você fazer tudo errado de novo e investir às pressas sem qualquer método, no que foi melhor nos últimos meses.
Não me entenda mal: isso não diz nada sobre o que vai acontecer no futuro. Pelo contrário. Haverá outras fases difíceis para os nossos fundos recomendados. O mercado é cíclico.
Minha mensagem é: isso diz tudo sobre a sua completa incapacidade de prever o futuro. Estou certa de que você pensou que uma recuperação jamais viria em um ambiente volátil como o atual – acontece que com frequência o balanço é insumo para bons investidores.
Digo ‘sua’, mas a incapacidade de prever o futuro é nossa: ninguém aqui tem bola de cristal. A diferença é o que fazemos com isso. Grande parte das pessoas cobre essa lacuna com a convicção de que o passado vai se repetir no futuro. Nós aqui cobrimos com uma carteira diversificada – que, diga-se de passagem, é o método mais testado e aprovado no mundo pra construção de patrimônio.
Do lado de cá, é triste ver as pessoas repetirem os mesmos erros sistematicamente.
Pois bem, considero que uma década de contato diário com centenas de milhares de clientes pessoas físicas me permite criar um indicador antecedente próprio.
Talvez você já tenha ouvido falar de “indicadores antecedentes”: são um tipo de dado que investidores profissionais olham todos os dias. Exemplo: a confiança do consumidor é um bom indicador antecedente de gastos. Eles antecipam o que deve acontecer à frente.
Romântica que sou, vou chamar o meu indicador antecedente de SuperÍndice do Amor (SIA, que tal?).
Reunimos uma base engajada, que interage conosco por meio do Instagram, do e-mail, do nosso atendimento, das lives… ela nos provoca a estar sempre na fronteira.
Respondemos perguntas todos os dias sobre o desempenho de fundos recomendados, sobre fundos não aprovados em nossa análise, sobre aberturas e fechamentos de fundos estrelados, sobre alocação – mas talvez seu papel mais importante seja o de um grande divã.
Depois de tantos anos, consigo sentir o peso do ar nessas interações quando os ativos de risco passam por uma fase desafiadora. E, como o mercado é cíclico, isso naturalmente acontece de tempos em tempos.
É impossível não sofrer ao ver o SuperÍndice do Amor – que mede o sentimento positivo pairando no ar – baixando exponencialmente nas fases ruins do ciclo (por mais que a gente faça questão de ensinar na largada que elas vão acontecer).
Eu e minha equipe, estudiosos que somos das finanças comportamentais – que não à toa já renderam até prêmios Nobel de Economia – sabemos que há explicações científicas para tal.
Existem estudos que mostram que nós, humanos, temos vieses mentais que nos levam a pensar que uma conjuntura ruim vai ficar ruim para sempre. Sofremos também do viés de aversão à perda: a intensidade do sentimento de perder R$ 100 reais é duas vezes maior do que a de ganhar os mesmos R$ 100.
Isso faz com que o SuperÍndice do Amor seja assimétrico. Ele cai em velocidade exponencial em fases difíceis de mercado, mas não sobe no mesmo ritmo quando os retornos fartos vêm – ainda que os ganhos sempre venham alguma hora se você investe corretamente, porque os mercados são cíclicos. Ossos do ofício.
E por que digo que o SIA é um indicador antecedente? Porque é batata, percebi ao longo desses anos: quando o amor fica baixo demais, a ponto de eu sair da live com os ombros encolhidos de tanto servir de escudo para uma carteira diversificada, “apanhando mais do que cachorro vira-lata”, como disse certa vez um renomado gestor… com frequência se desenha à frente uma forte recuperação.
É isso mesmo: a aversão a determinados investimentos claramente alcança seus maiores níveis às vésperas das fases em que eles mais vão dar dinheiro.
E quanto mais eu vejo isso, mais agoniada e vocal eu fico quando vejo investidores ansiosos prestes a tomar decisões erradas.
“Lu, pra que investir em crédito? Veja o que aconteceu com Americanas…”. E lá vem uma forte recuperação em bons fundos de crédito.
“Lu, não é hora de desistir da Bolsa brasileira? Só cai, chega!”. Daí vem uma alta expressiva em fundos de ações.
“Lu, e esse dólar aqui, só anda de lado este ano”. Daí uma forte alta no dólar.
O SuperÍndice do Amor cai às mínimas, os fortes ganhos despontam lá na frente.
Acaba de acontecer de novo. O “SuperÍndice do Amor” fechou o ano de 2024 nas mínimas. E chegamos a maio de 2025… nada surpreendente para mim, com uma fortíssima recuperação em fundos de investimento.
Neste fim de semana fiz um date com minha SuperCarteira – como chamamos o encontro semestral de rebalanceamento do portfólio – e foi bom demais ver os ganhos acumulados. É satisfatório perceber que acertamos ao mais uma vez não ceder à pressão, ao manter a alocação estrutural, ao cuidar dos que confiaram em nós mesmo quando o amor vacilou (obrigada!).
Em nossas interações com investidores, o SIA já voltou a níveis de tempos de paz.
Aqui, fazemos o difícil. O mais fácil nas fases de amor em baixa é orientar investidores a seguirem seus instintos e resgatarem do que cai. Infelizmente é o que boa parte das pessoas que atendem clientes fazem – aproveitando inclusive para oferecer outro produto que paga uma comissão maior. O rodízio de gerentes e assessores é enorme, cada hora uma oportunidade pra girar carteira.
Do lado de cá, a cada ciclo buscamos nos treinar para acolher o amor em falta em tempos de queda (mas pega leve, também temos coração, viu?).
Não tem problema sentir raiva nas fases ruins de mercado – é humano – o importante é não resgatar na pior hora.
Os neurocientistas já provaram que reagimos às perdas em uma carteira de investimento como um homem das cavernas reagia ao aparecimento de um tigre-dentes-de-sabre. Somos instintivos quando o assunto é dinheiro, mas essa nunca é a melhor resposta. Precisamos domar o Piteco.
Ajuda muito nesses momentos ter investido o dinheiro certo pra cada prazo. Se você tem uma reserva de emergência pras necessidades de curto prazo e o investimento que mais balança é de recursos para o futuro – como ensinamos aqui, fica mais fácil passar pelos vales. Ainda assim, a razão nem sempre vai ganhar da emoção.
Assim como os amores jovens doem mais, a primeira crise quando se investe bem exige mais de nosso coração. E eu fico feliz demais ao sentir que o SIA de quem está conosco há mais tempo até se mexe, mas não como um ponteiro desgovernado.
Aos poucos você aprende que, assim como a vida, a construção de patrimônio é feita de altos e baixos. E que você tem todo o direito de sofrer (e nos amar menos) no caminho – só não pode jogar a toalha, combinado?
Um abraço,
Luciana.
PS: Fugiu pro dólar, S&P ou CDI no fim do ano e se arrependeu agora? Hoje, às 19h30, vou dar uma aula gratuita com meu método de investimentos – inspirado nas maiores referências globais em construção de portfólio e em uma década de conversas com investidores reais. Vai ser aqui, já vai lá e ativa o alerta.
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